Ouro está ‘vazando’ de dentro da Terra, diz pesquisa
Mais de 99% do ouro existente no mundo está enterrado a quase 3 mil quilômetros de profundidade, onde as temperaturas superam os 5.000 °C – é o que revelou um estudo científico realizado por pesquisadores da Universidade de Göttingen, na Alemanha, publicado na semana passada na revista Nature.
Se toda essa riqueza estivesse acessível – e não trancafiada no núcleo metálico da Terra –, haveria ouro suficiente para cobrir a superfície do planeta com uma camada de 50 centímetros de espessura.
Os pesquisadores, contudo, fizeram outra revelação suspreendente: parte dessa reserva está escapando lentamente e chegando à superfície.
Esse fenômeno tem suas raízes na própria formação do nosso planeta. Há cerca de 4,5 bilhões de anos, durante o que é conhecido como a “catástrofe do ferro”, os elementos mais pesados afundaram para o interior derretido da jovem Terra, ficando presos no núcleo já diferenciado, conforme explica a publicação Science Alert. Posteriormente, o bombardeio de meteoritos trouxe mais ouro e metais pesados para a crosta terrestre.
Até o momento, pesquisas já haviam confirmado que alguns gases, como o hélio primordial (um dos elementos mais antigos do universo), poderiam vazar do núcleo, mas não havia evidências se o mesmo ocorria com metais pesados. O que esse estudo mostra, de acordo com os autores, é que todos os elementos siderófilos – que migraram para o núcleo quando a Terra era jovem e totalmente fundida – estão vazando. Isso inclui não apenas o rutênio e o ouro, mas também o paládio, o ródio e a platina.
Embora não seja possível escavar os 2,9 mil quilômetros necessários para chegar ao núcleo terrestre, e o processo de vazamento ocorra a uma velocidade que não permite a exploração comercial dessas riquezas minerais, a recente descoberta muda a compreensão dos fundamentos do planeta.
Com informações do G1